Phishing na América do Sul: o elo humano ainda é o maior risco corporativo
- Setrix Segurança em Tecnologia da Informação
- 10 de nov.
- 4 min de leitura
Atualizado: há 2 dias
O elo mais vulnerável de qualquer estratégia de cibersegurança continua sendo o mesmo: o ser humano.
E na América do Sul, essa vulnerabilidade é ainda mais evidente. Segundo o Relatório de Benchmark de Phishing 2025 da KnowBe4, nossa região registrou a maior propensão global a cliques em e-mails de phishing, com uma Phish-Prone Percentage (PPP) média de 39,1% antes de qualquer treinamento. Em outras palavras, quatro em cada dez funcionários clicariam em um link malicioso se recebessem uma simulação hoje.
O dado não é isolado, ele reflete o resultado de mais de 67 milhões de simulações aplicadas em 62 mil organizações. E, embora o número inicial seja preocupante, o estudo traz um contraponto animador: após um ano de treinamento contínuo, a taxa cai para 4,5%, uma redução de quase 89%.
Essa diferença brutal comprova que o problema não é a falta de tecnologia, mas sim a falta de cultura.
A anatomia do risco humano
Cada clique errado nasce de um conjunto de fatores previsíveis: pressa, excesso de confiança, falta de senso crítico e ausência de rotina de segurança.
Enquanto soluções de firewall, EDR e MDR evoluem diariamente, o comportamento humano continua sujeito a distrações, à rotina operacional e a táticas cada vez mais sofisticadas de engenharia social.
A PPP (Phish-Prone Percentage) mede exatamente isso: a porcentagem de colaboradores que provavelmente cairia em um golpe digital.
O relatório da KnowBe4 divide a curva em três estágios:
Linha de base: antes de qualquer treinamento.
Após 90 dias: primeiros resultados do programa de conscientização.
Após 12 meses: impacto do treinamento contínuo, com a cultura já incorporada ao ambiente.
As reduções mais significativas acontecem apenas na terceira etapa, quando a conscientização passa a ser parte da rotina, e não apenas uma campanha pontual de compliance.
Treinar é transformar cultura, não apenas corrigir erros
Os dados provam que o awareness precisa deixar de ser um treinamento obrigatório e se tornar um mecanismo contínuo de gestão de risco humano.
O modelo mais eficaz é o que combina simulações periódicas, microtreinamentos e coaching em tempo real, para que cada funcionário aprenda com seus próprios erros e reforce comportamentos seguros no momento em que a falha acontece.
Chamamos isso de Human Risk Management (HRM): um ciclo permanente que mede, treina e ajusta o comportamento dos usuários.
Ele é composto por quatro pilares:
Medição: definição de indicadores como PPP, taxa de reporte e tempo médio de resposta.
Treinamento contínuo: pequenos módulos mensais, em linguagem acessível e contextualizada.
Coaching em tempo real: alertas automáticos e feedback imediato durante simulações e incidentes.
Integração com o SOC/MDR: os dados de comportamento alimentam o monitoramento e a resposta a incidentes, fechando o ciclo entre pessoa e tecnologia.
Em empresas maduras, o awareness não é responsabilidade apenas do time de TI, mas de toda a liderança. Segurança passa a ser tratada como valor organizacional, não como protocolo técnico.
Por que a América do Sul lidera o índice de vulnerabilidade
O relatório aponta um cenário particular: a digitalização acelerada e desigual na região criou uma “divisão digital”.
Empresas e governos adotaram novas tecnologias em ritmo rápido, mas sem o mesmo investimento em capacitação e segurança.
Enquanto países desenvolvidos aplicam padrões consolidados de governança e compliance, boa parte das empresas latino-americanas ainda lida com escassez de profissionais qualificados, baixa maturidade de processos e pouco orçamento dedicado à prevenção.
Esse desequilíbrio explica por que setores como serviços ao consumidor (59,9%), seguros (48,6%) e energia (48,3%) apresentaram as PPPs iniciais mais altas.
Mas também mostra o potencial de transformação: em todas essas áreas, o índice cai para menos de 6% após um ano de treinamento.
Um novo indicador de maturidade
Em 2025, o phishing deixou de ser apenas um golpe de e-mail: tornou-se um termômetro da maturidade organizacional.
Medir e reduzir a PPP passou a ser um indicador direto de resiliência cibernética, tão importante quanto SLA de resposta ou tempo médio de patching.
Empresas que dominam o fator humano não só reduzem incidentes, mas também melhoram a velocidade e a precisão da resposta quando algo acontece.
No longo prazo, isso se traduz em menos brechas, menos downtime e menos custo.
O próximo passo é tornar o HRM parte do ecossistema de segurança: integrado ao SOC, correlacionado ao XDR, e conectado aos fluxos de governança e compliance.
Os números mostram com clareza: a vulnerabilidade humana é o primeiro vetor de ataque, mas também pode ser a primeira linha de defesa.
Na América do Sul, onde a digitalização avança mais rápido do que a maturidade em segurança, investir em treinamento contínuo e cultura de segurança não é opcional, é vital.
O combate ao phishing não começa com o firewall.
Começa com pessoas preparadas para identificar, reportar e resistir às ameaças invisíveis.
Veja como transformar o elo humano em sua primeira linha de defesa
A Setrix estrutura programas completos de Human Risk Management, com simulações adaptativas, coaching em tempo real e integração com o SOC/MDR.
Fortaleça a cultura de segurança da sua empresa e reduza o risco humano de forma mensurável.
Fontes
KnowBe4 – Relatório de Benchmark de Phishing 2025 (América do Sul)
Banco Mundial – Cybersecurity Economics for Emerging Markets
OCDE – Building a Skilled Cybersecurity Workforce in Latin America
LatAm Cyber Summit 2024 Annual Report
Verizon DBIR 2025 – Data Breach Investigations Report
